Thursday, November 18, 2004

Um filme pra ser esquecido

Você vê o trailler e gosta. O locutor diz ser o filme mais surpreendente desde "O Sexto Sentido". Uma de suas atrizes preferidas é a protagonista: Julianne Moore. Você lê o release e fica sabendo que a trama tem a ver com os limites entre a realidade e a imaginação, a lucidez e a loucura. Também fala da desconstrução da memória, tema tratado recentemente com competência em "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças".

"Os Esquecidos" tem tudo, portanto, para ser um bom filme. Não é. É apenas um suspense sobrenatural pretensioso e nonsense. Se na primeira metade você se esforça para acreditar que a trama vai ter alguma substância no final, a segunda metade faz você "esquecer" que Julianne Moore foi um dia uma boa atriz. Ok, a culpa é menos dela do que do roteiro e do diretor, Joseph Ruben, que tem uma série de bombas em seu currículo (O Anjo Malvado, Dormindo com o Inimigo, O Padrasto).

Por que essa mania dos diretores de suspense de surpreender o espectador? Se o cara não é um Hitchcock, um Amenábar, ou mesmo um Shyamalan em boa forma, então KISS (Keep It Simple, Stupid!). A vontade de surpreender é tão voraz que atropela a lógica e deixa todo mundo com cara de interrogação na saída do cinema.

Dica: se você insistir em ver essa bomba, encare como uma comédia. Principalmente as cenas de abdução. É capaz que você consiga se divertir.