Wednesday, November 08, 2006

Avoua!

Estou de volta. É desnecessário dizer que Buenos Aires continua linda, então vou começar contando a saga que foi sair de São Paulo em direção à capital argentina. Sim, eu fui afetado pela greve branca dos controladores de vôo.

Logo ao chegar a Cumbica, às 9h de quinta-feira, o susto: saguão lotado, e uma fila de check-in que serpenteava por todo o ambiente, não dava para saber onde começava ou onde terminava. Felizmente, a polícia organizou a bagunça, e eu descobri que a fila de embarque internacional não era tão grande assim.

Comemorei? Não exatamente. Logo ao entrar na fila, soube que o vôo, previsto para sair às 10h40 de Guarulhos, fora atrasado para as 18h15. Imediatamente, pensei em coisas para passar o tempo, e me acostumei à idéia de perder uma tarde em Buenos Aires. Além do mais, havia a possibilidade de deslocarem outro avião para nos atender antes desse novo horário. Então, fiz o check-in, comprei jornal, almocei, passeei pelas lojas, ouvi música... Yay! 14h. :(

Olho no painel, o horário de previsão de partida estava em branco. Corri para o primeiro funcionário da Gol para saber se houve adiantamento do vôo. Nada feito, a previsão ainda era a mesma. Fumo um cigarro, puxo papo com um colega de trabalho que encontro por lá, olho no relógio: 17h. Hora de ir para a sala de embarque ver como estavam as coisas por lá.

O avião que pegaríamos sairia do Rio, faria uma escala em São Paulo, daqui para Buenos Aires e de lá para Santiago. Ao chegar no portão de embarque, sou informado por outros passageiros que o vôo que viria do Rio fora cancelado, e que teríamos que esperar outra aeronave vir de Belo Horizonte. E que esse avião nem sequer havia decolado. Penso no tempo que já esperei, penso na tarde que perdi, penso na ótima balada de quinta-feira que, a esta altura, já estava bastante ameaçada... e a revolta começa a crescer.

Quase simultaneamente, descobrimos que um outro vôo, partindo de Guarulhos direto para Santiago, estava no horário e prestes a iniciar o embarque. Corremos em massa até esse outro portão, dispostos a exigir que esse avião fosse realocado para nós. Justo. Nossa espera ficaria em incríveis oito horas, e os passageiros para Santiago esperariam "só" por três horas.

Houve resistência da Gol, e começamos a fazer piquete no portão de embarque. Se não embarcássemos naquele avião reluzente que estava prontinho lá fora, ninguém embarcaria nele. Nisso já eram 18h. "Vamos deixar esse vôo sair pra Santiago, gente?", provocou um mais exaltado. Nós, em coro: "Não". Os passageiros do outro vôo se encolheram em um canto, assustados. Depois de muito bate-boca, finalmente resolveram nos atender. O avião era nosso, uhul.

Aí, claro, um passageiro do vôo que agora estava atrasado por nossa reivindicação revida: "Esse avião era nosso, ele vai sair para Buenos Aires, pessoal?" - Nãããããao, retrucaram os outros. Mas acabou sendo sim. Do meu lado, gringos se abraçam aos brasileiros mais barraqueiros, emocionados e agradecidos. Abaixo, o momento seguinte ao anúncio da realocação do avião.



Quando decolamos, a vista aérea de São Paulo à noite, que é muito foda, quase valeu a espera. Quase. Perto da aterrissagem, o tapete de luzes de Buenos Aires vista lá do alto também não era nada mau. Um dia depois, conheci dois brasileiros que estavam nesse avião e que tiveram que sair para que nós embarcássemos. Esperaram até as 21h30 para viajar e não puderem fazer balada na quinta. Devem estar me odiando até agora.