Parem as máquinas
Daqui a uma semana acontecerá minha colação de grau. Nem sei ao certo como é a cerimônia, mas em se tratando de ECA, que ninguém espere beca, pompa ou circunstância. Vai ser bem furreca, mundrungo, rasta-pé. O importante e realmente significativo é que eu vou lá pegar o papel e sacramentar a minha saída da faculdade. Yay!
O momento pede um balanço - neste caso, um tanto cínico, já vou avisando. Sem querer renegar a faculdade onde, afinal, consegui a formação que paga meu aluguel, eu esperava muito mais dela. O curso de jornalismo - qualquer um - ensina pouco, e a ECA resiste em colocar os pés no chão e os olhos no mercado de trabalho. A maioria dos professores tem uma visão romântica e ultrapassada da profissão, e isso me irritava.
Foram ensinar, por exemplo, como se faz uma boa pesquisa no Google lá pelo quarto ano, e em disciplina optativa, que muitos alunos não fizeram. Agora, virar a madrugada em delegacia? Pediram. Fim de semana em acampamento de sem-terra? Claroquesim. Jornalista, lá, precisa ter o pé vermelho de barro. Jornalista, lá, só se for repórter.
E lá se vão uns 20 estudantes burgueses provar que são bravos, que não têm "nojo" de dormir em barraca de sem-terra. Não fui, óbvio. Porque sabia que aquilo não seria relevante para minha profissão, para o caminho que eu queria trilhar. A verdadeira cor do jornalista atual é o branco-escritório, não o vermelho-assentamento. Entendo que isso seja frustrante para a maioria dos meus colegas, mas eu prefiro assim.
Talvez eu ainda acabe me aposentando em um cargo público, daqueles detrás de uma pilha de papéis e com um carimbo na mão. Considerando-se a precariedade do mercado de trabalho e a remuneração indigna da grande maioria dos jornalistas, esse é um ideal de felicidade.
O momento pede um balanço - neste caso, um tanto cínico, já vou avisando. Sem querer renegar a faculdade onde, afinal, consegui a formação que paga meu aluguel, eu esperava muito mais dela. O curso de jornalismo - qualquer um - ensina pouco, e a ECA resiste em colocar os pés no chão e os olhos no mercado de trabalho. A maioria dos professores tem uma visão romântica e ultrapassada da profissão, e isso me irritava.
Foram ensinar, por exemplo, como se faz uma boa pesquisa no Google lá pelo quarto ano, e em disciplina optativa, que muitos alunos não fizeram. Agora, virar a madrugada em delegacia? Pediram. Fim de semana em acampamento de sem-terra? Claroquesim. Jornalista, lá, precisa ter o pé vermelho de barro. Jornalista, lá, só se for repórter.
E lá se vão uns 20 estudantes burgueses provar que são bravos, que não têm "nojo" de dormir em barraca de sem-terra. Não fui, óbvio. Porque sabia que aquilo não seria relevante para minha profissão, para o caminho que eu queria trilhar. A verdadeira cor do jornalista atual é o branco-escritório, não o vermelho-assentamento. Entendo que isso seja frustrante para a maioria dos meus colegas, mas eu prefiro assim.
Talvez eu ainda acabe me aposentando em um cargo público, daqueles detrás de uma pilha de papéis e com um carimbo na mão. Considerando-se a precariedade do mercado de trabalho e a remuneração indigna da grande maioria dos jornalistas, esse é um ideal de felicidade.