Tuesday, February 21, 2006

73 mil katilces

No intervalo entre o show do Franz Ferdinand e o do U2, pensei ser um exagero 2h30 para uma apresentação dos irlandeses. Como não sou exatamente fã da banda, imaginei que fosse bodear no meio do show. Bastou sentir a tensão causada na platéia pelos primeiros acordes de "Vertigo", conjugada com um espetacular efeito no telão, para mudar de idéia. Havia me esquecido de como o U2 é bom ao vivo, e este show foi melhor que o de 98.

Nem dá para se importar com o tom panfletário ou com as frases populistas de Bono Vox. Se um cara consegue manter 73 mil pessoas em suas mãos por 2h30 seguidas da forma ele fez ontem, fica fácil acreditar que ele será bem sucedido em suas pretensões políticas. O que foi aquilo com os celulares? Carisma é a palavra. Éramos 73 mil katilces no Morumbi.



Perante a opulência pirotécnica do U2, o show de abertura acabou ficando injustamente pequeno. A duração de 40 minutos é pouco para o Franz Ferdinand. O som estava baixo demais e eles ainda não estão prontos para um estádio como o Morumbi. Mesmo assim, era o Franz Ferdinand, e no final da apesentação não havia ninguém de braços cruzados, mesmo que aquele, definitivamente, não fosse o público deles. Houve tempo para "Do You Want To", "The Dark of the Matinée", "Michael", "Walk Away" e "Take Me Out". A bagunça de bateria perto do final do show, emendada com "This Fire" foi incrível. Das que eu queria ouvir, só faltou "Jacqueline", mas não se pode ter tudo em uma noite, não é verdade?



O público-preguiça que perdeu seu tempo em filas quilométricas no Pão de Açúcar só se manifestou em gritos do tipo "chupa Rolling Stones", como se houvesse uma competição entre as duas bandas. Sobrou até um "chupa Pavarotti" quando Bono cantou "Miss Sarajevo".