Tuesday, March 22, 2005

I was lost. Now I´m found.

Desde a estréia de Desperate Housewives no Brasil, ninguém precisava de mais uma série maravilhosa para nos tomar uma hora semanal. Mesmo assim, o canal a cabo AXN está transmitindo há três semanas Lost, a segunda série mais comentada lá na América (a do Norte).

Uma mistura de drama, ação, suspense, romance e ficção científica, o argumento de Lost começa com a queda de um avião em uma ilha no Oceano Pacífico, à qual alguns passageiros sobrevivem. Não bastasse isso, o resgate não vem, os aparelhos de telecomunicações do avião não funcionam e a ilha parece estar localizada em uma realidade paralela, onde monstros misteriosos arrancam árvores e comem gente sem serem vistos, ursos polares vivem em clima tropical e mensagens de socorro em francês são repetidas em loop. No último episódio, engravatados apareciam na praia e sumiam misteriosamente, sem deixar rastro.


- Ei, já chegamos à Terra Média? Onde está Frodo?

A maior graça de Lost está na constatação de que o verdadeiro perdido do título é o espectador. Cada personagem, apesar de não conhecer a pessoa que está ao lado, sabe perfeitamente quem é e do que é capaz, enquanto nós, os telespectadores, temos que nos contentar com vislumbres de suas vidas oferecidos em “flashback”. Até mesmo o tal “monstro que ninguém sabe o que é” já foi visto por um dos personagens, enquanto nós ficamos a ver navios (rá!).

E o roteiro brinca o tempo todo com o não-sabido: a partir do momento em que você está numa ilha perdida e ninguém ali lhe conhece, você está desconectado do seu histórico e pode ser quem quiser. Não é tentador? Por isso mesmo, alguns personagens podem considerar o desastre como um evento de sorte. Não é o caso do iraquiano Sayid, suspeito natural pelo acidente.


- Droga! Era um atentado suicida e eu sobrevivi.
- Eu sobrevivi à queda porque quiquei.


Com um roteiro muito bem montado e um elenco de primeira, o programa só peca na pouca profundidade de alguns personagens e suas atitudes infundadas, convenientes apenas para adicionar mais conflitos à trama. Por exemplo, por que os personagens coreanos insistem em falar se sabem que ninguém entende sua língua? Tenho preguiça deles.

Na Internet, pipocam sites sobre o programa e teorias que tentam desvendar seus mistérios. Em um desses sites, um fã descreveu sua hipótese:
- I think that the "Monster" is some kind of Satanic being. I also think that the crash victims are all truly dead. They are all stuck in some kind of Purgatory between life and death.
Será?