Thursday, June 01, 2006

O pior de Hollywood


"Código Da Vinci", o filme, representa negativamente o que Hollywood é capaz de fazer com uma boa estória. A necessidade de encaixar uma trama complexa em pouco mais do que duas horas de projeção e a pouca coragem em desafiar o público cristão e puritano resultaram em uma obra apenas mediana. Eis as principais falhas do filme, na minha opinião:

* O Robert Langdon de Tom Hanks é um fraco. No filme, o personagem duvida das teorias que o Langdon do livro defendia. Afinal, a figura principal, aquela com o qual o público deveria se identificar de alguma forma, não poderia defender teses que colocam em dúvida a crença do espectador. Não em Hollywood. Patética a "cristianização" que o filme lhe impõe;

* O roteiro mal adaptado faz tudo soar como em fast forward para quem leu o livro. Parece um "melhores momentos";

* O uso de flashbacks, truque fácil para amarrar roteiro, é abusivo;

* Fiquei com a impressão de que alguém pouco familiarizado com o tema não entenderia a melhor metade da estória, e a falta de contextualização é um defeito grave. Em outras passagens, o pecado é pelo excesso de didatismo;

* A escolha de Tom Hanks, insisto, foi infeliz. A bilheteria não sairia prejudicada com um ator mais compatível com o charme intelectual de Landgon. Imperdoável.

Claro que há pontos positivos, como a participação de Ian McKellen no papel de Leigh Teabing e o carisma da bonitinha Audrey Tatou. Mas foi pouco perto do que se esperava. Uma versão européia do filme viria bem a calhar.