Fechem o freezer do mundo
Liguei o aquecedor, raspei a camada de gelo sobre o teclado e tomei coragem de escrever. Acho que deveria antes degelar o aquecedor, porque ele não vem funcionando direito, não. Lembro-me de ter acordado em um certo domingo da minha infância e ter visto as plantas do quintal da minha casa cobertas pela geada da madrugada que ainda não havia degelado. Mas de um clima rigoroso como este durando tantos dias em São Paulo, não me lembro. O frio é muito garboso no Hemisfério Norte, mas cá nos trópicos é meio deprimente notar que temperatura abaixo dos 10 graus Celsius significa desfile de casaco de plush e profusão de gola rulê década passada pelas ruas. Eu mesmo venho enfrentando alguma dificuldade para manter o garbo sem repetir na mesma semana um dos dois casacos realmente quentinhos que eu guardo no armário para ocasiões mui raras, como este frio de um dígito que já se estende por quase uma semana. Sobreposições têm limite.
Eu ia falar do Pan, do Renan Calheiros e da tragédia em Congonhas, mas esgotei minhas observações sobre esses temas em restaurantes, elevadores, na redação, almoços na casa dos meus pais, mesas de bar, filas de cinema, transportes públicos, pistas de dança, sessões de acupuntura, caixas de supermercado e aulas de power yoga. "Que frio é esse?!" me parece um comentário mais original.
Eu ia falar do Pan, do Renan Calheiros e da tragédia em Congonhas, mas esgotei minhas observações sobre esses temas em restaurantes, elevadores, na redação, almoços na casa dos meus pais, mesas de bar, filas de cinema, transportes públicos, pistas de dança, sessões de acupuntura, caixas de supermercado e aulas de power yoga. "Que frio é esse?!" me parece um comentário mais original.