Pilantropia
Com a proliferação de instituições de caridade, 0800 beneficentes, crianças nos faróis e pais de família desempregados no metrô, a filantropia é um tema urgente e ainda pouco discutido na sociedade brasileira.
De cara, posso dizer logo que não acredito em caridade. Tudo aquilo que se faz é em benefício próprio, nem que esse benefício seja a mera limpeza de consciência. Como se o ato de doar meia dúzia de roupas velhas isentasse alguém da parte que lhe cabe no latifúndio da desgraça social. Pois eu acho que não isenta. Não digo com isso que não faço doações, apenas não me iludo ao ponto de achar que sou uma pessoa melhor por isso. Além disso, nada destrói mais a cidadania de alguém do que colocá-la na posição de coitada (sinônimo de fodida). A partir do momento em que aceita essa condição, uma pessoa dificilmente consegue abandoná-la.
O Adão Iturrusgarai nos mostra uma galerinha que não aceita
Na era Lula, onde os "Fome Zero" geram mais barulho do que barrigas cheias, o filme "Quanto Vale ou É Por Quilo", de Sérgio Bianchi vem bem a calhar. Trata-se, entre outras coisas, de uma paulada na institucionalização da "pilantropia", verificada nas organizações do Terceiro Setor que consomem em sua própria estrutura todo dinheiro que arrecada. Em dado momento, como em um documentário, o filme revela que para cada criança de rua assistida por essas organizações no Brasil, há incríveis 5 funcionários recebendo salário dessas ONGs. Outra cena exemplar é uma disputa entre duas associações para auxiliar um morador de rua. "Este pobre é meu".
Se por um lado alimentar as instituições de caridade pode ser um caminho tortuoso e pouco efetivo para aliviar as necessidades dos excluídos, todos estamos cansados de saber que dar dinheiro em faróis também não adianta. O Jornal Nacional mostrou isso ontem. Há sempre algum adulto pilantra para receptar o dinheiro que a criança indefesa recebe. Dessa forma, não há caminho fácil. É continuar cobrando uma melhor educação pública, uma maior distribuição de renda. Porque paliativos não resolvem.
De cara, posso dizer logo que não acredito em caridade. Tudo aquilo que se faz é em benefício próprio, nem que esse benefício seja a mera limpeza de consciência. Como se o ato de doar meia dúzia de roupas velhas isentasse alguém da parte que lhe cabe no latifúndio da desgraça social. Pois eu acho que não isenta. Não digo com isso que não faço doações, apenas não me iludo ao ponto de achar que sou uma pessoa melhor por isso. Além disso, nada destrói mais a cidadania de alguém do que colocá-la na posição de coitada (sinônimo de fodida). A partir do momento em que aceita essa condição, uma pessoa dificilmente consegue abandoná-la.
O Adão Iturrusgarai nos mostra uma galerinha que não aceita
Na era Lula, onde os "Fome Zero" geram mais barulho do que barrigas cheias, o filme "Quanto Vale ou É Por Quilo", de Sérgio Bianchi vem bem a calhar. Trata-se, entre outras coisas, de uma paulada na institucionalização da "pilantropia", verificada nas organizações do Terceiro Setor que consomem em sua própria estrutura todo dinheiro que arrecada. Em dado momento, como em um documentário, o filme revela que para cada criança de rua assistida por essas organizações no Brasil, há incríveis 5 funcionários recebendo salário dessas ONGs. Outra cena exemplar é uma disputa entre duas associações para auxiliar um morador de rua. "Este pobre é meu".
Se por um lado alimentar as instituições de caridade pode ser um caminho tortuoso e pouco efetivo para aliviar as necessidades dos excluídos, todos estamos cansados de saber que dar dinheiro em faróis também não adianta. O Jornal Nacional mostrou isso ontem. Há sempre algum adulto pilantra para receptar o dinheiro que a criança indefesa recebe. Dessa forma, não há caminho fácil. É continuar cobrando uma melhor educação pública, uma maior distribuição de renda. Porque paliativos não resolvem.