Fechem o freezer do mundo

Liguei o aquecedor, raspei a camada de gelo sobre o teclado e tomei coragem de escrever. Acho que deveria antes degelar o aquecedor, porque ele não vem funcionando direito, não. Lembro-me de ter acordado em um certo domingo da minha infância e ter visto as plantas do quintal da minha casa cobertas pela geada da madrugada que ainda não havia degelado. Mas de um clima rigoroso como este durando tantos dias em São Paulo, não me lembro. O frio é muito garboso no Hemisfério Norte, mas cá nos trópicos é meio deprimente notar que temperatura abaixo dos 10 graus Celsius significa desfile de casaco de plush e profusão de gola rulê década passada pelas ruas. Eu mesmo venho enfrentando alguma dificuldade para manter o garbo sem repetir na mesma semana um dos dois casacos realmente quentinhos que eu guardo no armário para ocasiões mui raras, como este frio de um dígito que já se estende por quase uma semana. Sobreposições têm limite.

Eu ia falar do Pan, do Renan Calheiros e da tragédia em Congonhas, mas esgotei minhas observações sobre esses temas em restaurantes, elevadores, na redação, almoços na casa dos meus pais, mesas de bar, filas de cinema, transportes públicos, pistas de dança, sessões de acupuntura, caixas de supermercado e aulas de power yoga. "Que frio é esse?!" me parece um comentário mais original.

Prestação de contas

Avião explodindo em São Paulo, Jogos Pan-Americanos, plantões, estréia de novo lay-out do site que eu edito e a escolha do meu novo corte de cabelo (hah) ocupam meu tempo e minha mente, mas eu volto já, já.

Maravilhas do marketing

Eu já perdi o fôlego duas vezes com a beleza do Corcovado e seu habitante soberano, o Cristo Redentor. Uma na primeira vez em que estive a seus pés - e tive ao mesmo tempo o Rio de Janeiro aos meus. Outra, quando ganhei de presente um passeio de helicóptero e me senti uma abelha zunindo em sua orelha de pedra-sabão. Dessa forma, não vejam como desdenhosas em relação ao monumento as palavras a seguir.

Qualquer site que se preze, ao fazer uma pesquisa on-line, deixa muito claro que ela não possui valor estatístico. Quero dizer com isso que não há como garantir nessas ocasiões a proporcionalidade, pré-requisito de um levantamento sério. O mesmo se aplica para votos via SMS.

Então, todo esse oba-oba envolvendo a eleição do Cristo como uma das 7 novas maravilhas do mundo me soa a enganação. Vejam bem, os brasileiros são líderes mundiais em horas de navegação na Internet. Durante cada temporada do Big Brother, milhões de brasileiros dedicam semanalmente parte de seu tempo para votar em quem deve ser eliminado do programa. Não parece meio óbvio que o monumento estaria entre os escolhidos?

Outra coisa: não lhe diz algo o fato de, entre os eleitos, apenas o Coliseu de Roma pertencer a um país do "Primeiro Mundo"? Quem aí acredita que faria alguma diferença ao turismo de Nova York a Estátua da Liberdade pertencer a essa lista? O que dizer sobre a Torre Eiffel? Stonehenge? Motivação, não merecimento, dita os vencedores de uma eleição como essa.

Não estou julgando aqui se o Cristo deveria ou não estar entre os sete escolhidos, seus atributos são incontestáveis. Insisto nisso até porque sei que mexer com chefe de morro do Rio de Janeiro não faz muito bem à saúde. Ok, esta última observação foi pra sacanear.

2ème vague

Lá nos anos 90, um movimento musical conhecido como French Touch deixou gente sorridente em pistas pelo mundo todo, ao revelar uma mão cheia de bandas e projetos legais como Daft Punk, Cassius, Stardust e Air. Sintetizadores, robozinhos, climas espaciais, Veuve Clicquot e Gitanes.

Já em 2007, a geração que cresceu ouvindo esse povo todo está formando uma nova vaga de música boa francesa, com ações centradas na Ed Banger Records, a gravadora cool do momento. Desta vez, eles vêm aditivados com doses extras de rock e booty shakin'.

A esta altura, seria redundante falar em D.A.N.C.E., do Justice, forte candidato a maior hit do verão europeu. Vou deixar, então, links para outras faixas viciantes vindas lá da terra do Asterix.

Mr. Oizo - Patrick 122
Um dos cabeças do movimento, Oizo teve seu primeiro hit em 1999. Era "Flat Beat", que foi trilha de um comercial da Levi's. Eu sou muito fã do clipe. Depois desse hit, amargou uns anos meio esquecido. A faixa acima começa apenas legalzinha, mas espere até o saxofone ensandecido do final. Ouço todo dia.

Yelle - À Cause des Garçons
Descoberta pelo MySpace, Yelle é uma cantora atrevidinha de letras safadinhas. Procure também "Je Veux Te Voir", uma versão atualizada de "Short Dick Man", aquela.

Justice (feat. Uffie) - The Party
Falar de Ed Banger sem as batidas quebradas do Justice ou o rap-menininha da Uffie não faria sentido algum. Pois bem, "The Party" une as duas coisas. A Uffie é americana, mas foi lançada pela gravadora e sua música é produzida por DJs franceses.

Por último, um clipe beeeeeem legal do DJ Mehdi, "I Am Somebody", com participação do Chromeo, uma dupla canadense que você já deve ter ouvido por aqui.

Cão de madame

O mercado de luxo para pets cresce a um ritmo alucinante. Vejam só, a Lacoste acaba de lançar uma sleeping bag incrível para cães.


A verdadeira história aqui

Daft Hands

O Kanye West usou um sample de "Harder, Better, Faster, Stronger", do Daft Punk, em seu último single, e eu achei o resultado bem óbvio, meia-boca mesmo. O desocupado do vídeo abaixo foi muito mais feliz.