Monday, December 27, 2004

Peru de Natal

Já que este ano está acabando, vamos chutar o balde logo de vez, certo? Em minha defesa, não respondo por nada feito sob a influência do álcool.
*
Ai, minha cabeça...

Thursday, December 23, 2004

The brown´s pain

Se algo está dando errado na sua vida
Se alguém é muito feio
Se a sensação é trevas...

Você está diante da dor da marrom.


Cortesia de Ph.

Conto ecológico

Se um dia eu escrever um conto ecológico, o final será algo assim:

...E o rosto do ativista do Greenpeace se iluminou na noite em que viu o primeiro ovo ser quebrado e de dentro da areia surgir uma tartaruguinha. O esforço para vencer a barreira que a areia representava era somente mais um pela perpetuação de sua espécie. Muito antes disso, o ativista ecológico cuidou com todos os recursos a seu alcance para que o processo não fosse interrompido por algum pescador faminto (os ovos de tartaruga eram uma iguaria apreciada naquela comunidade) ou mesmo por adversidades naturais. E lá estava o resultado da batalha, bem diante de seus olhos: centenas de tartarugas arrastando-se rumo ao mar. Era a tradução perfeita daquilo que ele chamava de vida. Virou-se sem se preocupar em conter as lágrimas e foi embora com a satisfação do dever cumprido. No mar, os tubarões mal podiam conter a ansiedade pelo banquete que se aproximava. E os pescadores continuaram famintos.

Friday, December 17, 2004

Blame it on Rio

Pessoal, tô indo viajar, mas volto logo. O paradeiro é Copacabana, Rio de Janeiro, Philipinas. Trata-se de uma viagem a negócios, estou fazendo uma pesquisa no ramo do entretenimento.


Vamos dançar a conga

Thursday, December 16, 2004

Armando Bogus

O Gerald Thomas está fulo da vida com essa coisa profana e desconstruidora de ids, egos e superegos que é a Internet. Como se não bastasse o bafafá que ele e o Marcelo Tas (outro que vive entrando em roubada com aquele blog dele) armaram, por terem “assumido” um antigo e fictício affair, agora o Gerald está passado com o fato de terem criado um perfil no Orkut com o nome dele.

“Uma sombra. Um farsante, alguem se fazendo passar por mim. Foi atraves desse conglomerado/grupo/organizacao chamado Orkut. Alguem, com email gerald_thomas@hotmail.com (qualquer cachorro pode abrir email la, com nome de Salvador Dali se quizer *sic*) esta enganando um monte de gente, lucrando, roubando, ludibriando gente jovem, estudantes de teatro, inocentes enfim.”

O diretor de teatro, internacionalmente conhecido por suas peças e por ter atendido o Samuel Beckett num passado remoto, demonstra absoluta falta de senso de humor e de conhecimento sobre o que é o Orkut, ameaçando processar todo mundo. “O ORKUT VAI TER PROBLEMAS JURÍDICOS COMIGO”, diz. Como argumento para assustar o “ladrão de indentidade”, faz questão de lembrar que ele está em NY: “(...)estou disposto, como escrevi para o ORKUT, a levar o caso aqui pra Justiça de Nova York”. Tá? “Vou acabar com a vida desse IMBECIL”, prossegue. Parece que funcionou, porque o cara mandou um e-mail dizendo ter apagado o perfil, se desculpando e dizendo se tratar apenas de mais um fã do diretor revolucionário.

Acha pouco? Pois até Osama Bin Laden pode estar escondido na rede de contatos, segundo Gerald relatou ‘pra própria Orkut’: “It amazes me that you, as ORKUT actually allow hotmail accounts, knowing that even terrorists could be hiding behind pretty names. What a shame for you people!”. Será que ‘a’ Orkut vai responder ao furibundo artista? Usando minha experiência com e-mails enviados para o administrador do Orkut, eu diria que Thomas vai ficar toda uma existência “esperando Godot”.

Wednesday, December 15, 2004

Papai Noel:

Antes de tudo, deixe-me dizer que eu acredito no senhor. Eu sei que o ano está acabando, e que eu andei pisando na bola, mas eu juro que tentei me comportar. Se ainda servir pra alguma coisa, se der tempo de limpar um pouco minha ficha, prometo que até o Natal eu não vou beber mais como eu bebi na semana passada. Sim, eu sei que gorfar é uma coisa feia. Mas uma vez no ano não é muito, é? Tá, foram três. Mas eu sou um mero mortal, suscetível a essas fraquezas. Também prometo não matar trabalho na Internet, e isso vai ser fácil porque só tenho mais dois dias antes do recesso. Se isso for me garantir um presentinho bacana, também me comprometo a não rir das pessoas com déficit de bom gosto. Nem daquelas com superávit de pretensão.

Pensando bem, dá pra descontar dessa promessa os dias que eu vou passar no Rio?

Atenciosamente,


Antônio

Tuesday, December 14, 2004

Viva a festa belga

Este foi o ano da invasão da Bélgica ao Brasil. O quê? Vocês não viram? Onde vocês estavam quando a maior companhia de bebidas da América Latina, a brasileira Ambev, foi comprada (sim, comprada, nada de fusão) pelos belgas da Interbrew? Quem aí ficou indiferente aos shows das bandas de dance farofa belga Lasgo e Ian Van Dahl? E o que vocês estavam fazendo quando eu recebi aquelas caixas de chocolate belga? (abafa)


Esta bandeira é pra deixar meu blog um pouco mais belga

Mas a invasão mais bem vinda de todas foi sem dúvida o lançamento de Nuit Blanche, último álbum da banda Vive La Fête. Impulsionada pela música Noir Desir, hit fácil de ouvir na Brasil 2000, a dupla electropunk belga tocou no último festival Abril Pro Rock, em Recife, e fez fãs pelo Brasil todo. E o disco deles é uma dilícia, fino, do começo ao fim. Aliás, é engraçado como tudo em francês parece mais fino, verdade? Apesar de os franceses serem, em geral, bem grossos. Mas o Vive la Fête é belga e é fino, por isso eu recomendo as músicas Rendez-Vous, Mon Dieu e a faixa-título Nuit Blanche.

Thursday, December 09, 2004

Awesome!

Estou adorando um livro que eu ganhei chamado Slang - Gírias atuais do inglês. Todos aqueles termos que a gente aprende assistindo sitcoms está no livro, mas com descrições mais detalhadas das sutilezas de cada termo. E tem coisas que eu nunca tinha ouvido ou lido, como por exemplo:

The runs: diarréia
O termo informal 'the runs' vem do fato de que a diarréia escorre (runs) pelo corpo; e também porque quem está sofrendo assim corre (runs) toda hora para o banheiro.


Falando em correr...

Ayrton: Dez libras, nota de dez libras
O piloto brasileiro Ayrton Senna foi tão admirado pelos ingleses que eles fizeram uma rima com o sobrenome dele e a palavra coloquial 'tenner', que já significava uma nota de dez libras. Assim, o primeiro nome dele ficou como gíria.


Não é legal? Eu acho que essas coisas é que tornam uma língua viva. Gíria é metáfora, e metáfora é poesia, como bem diz a introdução do livro. Tem mais:

Fanny: 1. Nádegas, bunda (US) 2. Vagina, xoxota (UK)
Vê-se que esta palavra, inocente nos Estados Unidos, torna-se ofensiva na Grã-Bretanha. Assim, pode-se imaginar a reação horrorizada dos ingleses quando um ianque desavisado se refere ingenuamente a sua 'pochete', que, em inglês americano é 'fanny pack'. (Na gíria britânica, esse acessório chama-se 'bum bag', literalmente 'bolsa de bunda')


Se você ficou com *ants* in the pants pra conhecer o livro, ele foi escrito por Jack Scholes e editado pela Disal (jabazinho rápido).

Wednesday, December 08, 2004

5º Encontro do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu

E o que é a modernidade, não é verdade, minha gente?

Quebradeiras de coco babaçu se reúnem para discutir a globalização

Diz a notícia: "Entre os temas abordados no documento, estão a situação de violência contra as quebradeiras de coco babaçu". Eu simplesmente não acredito que eu perdi esse evento! Mas tudo bem, nosso amigo Creiço vai voltar logo logo pra nos contar como foi.

Vício por vício, este é doce

Com menos internet, meus ataques de ansiedade agora têm uma nova válvula de escape: você pega uma barrinha de chocolate, mergulha-a numa xícara de café e tem os seus melhores cinco minutos do dia.

Tuesday, December 07, 2004

Vigiar e punir

A propaganda apresenta a novidade como algo extremamente positivo a animador: "agora você vai poder controlar onde o seu filho está". O lançamento do celular equipado com o sistema de localização global GPS é a vedete da Vivo para este Natal. Trata-se, supostamente, de uma "arma" à disposição dos pais para garantir a segurança do filho. Contra o que?, eu me pergunto. A propaganda insinua jocosamente que o "perigo" é o namorado da filha. Mas por trás desse discurso machista embutido, há outro mais além.

Vende-se uma idéia paranóica de que o mundo é perigoso, de que estamos prestes a ser atacados e precisamos nos defender contra o inimigo invisível. Mas qual é essa fonte de perigo ao nosso bem-estar? Os americanos têm um bode expiatório, o árabe (isso é outra discussão), mas e nós?

Esse papo todo, obviamente, é um blefe pra vender coleira eletrônica. O próprio fato de existir uma propaganda sobre o produto é praticamente um manual de instruções para o seqüestrador: "em caso de seqüestro, jogue o telefone fora". Uau, que proteção! É a proteção contra a individualidade e contra o direito de ir e vir, isso sim. Só acho que eles erraram na estratégia, se fosse lançado na época do Dia dos Namorados, talvez vendesse mais. Não ia faltar namorado(a) ciumento(a) pra aplaudir a novidade.

Fique esperto: a sociedade do controle também vai te pegar.

Monday, December 06, 2004

What a feeling!

A Vênus Automática, noite de sábado no ampgalaxy, é a melhor balada desta cidade. Falei. Som ótimo, gente simpática, mó solzão... enfim. A cada vez que eu vou lá volto com uma novidade, uma música diferente pra ir correndinho baixar. Eu e minha mania de ir perguntar pros djs "q-q-c tá tocano?". E a música da vez é Flashdance, remix do Deep Dish para aquela música-tema daquele filme daquela década que você sabe qual é. Ouça sim, que é bom.



De quebra, no sábado eu (finalmente) conheci Fe Fig, a Black Mamba, e Humberto, o Mac. E tudo isso sem pagar entrada. Não é o futuro, minha gente?

Friday, December 03, 2004

Pérola do Oriente

A japonesa de nascimento e brasileira naturalizada Chieko Aoki foi criada segundo a educação oriental, para se tornar uma esposa submissa. Mas, do alto de seus quase 1,50 m, optou por seguir outro caminho. Fez a faculdade de Direito na USP e pós-graduação no Japão e nos Estados Unidos, tomando uma trajetória ascendente que a levou nos anos 90 à presidência da rede internacional de hotéis Caesar Park. Quando a crise econômica japonesa derrubou a Caesar, ela enxergou uma oportunidade para ter sua própria rede de hotéis, voltada ao segmento executivo. E assim nasceu a Blue Tree Hotels.

Com tanta vontade de trabalhar, algo me diz que ela não participará do Dia do Não, na semana que vem. Ela é uma mulher que diz sim, e que não tem vergonha de ser assim. Trata-se de um exemplo não só para as mulheres, mas para toda a classe empresarial brasileira.


- Tudo meu!

Ontem, Chieko recebeu o Prêmio Claudia 2004 na categoria Negócios. "Eu estava meio sem graça por ter sido indicada, mas quando a Luiza (do Magazines Luiza, vencedora do ano passado) me disse que faziam maquiagem e cabelo de graça, vim correndo", gracejou, mostrando toda a simpatia e malemolência da mulher nipo-brasileira. "Me chamam de Formiga Atômica, mas eu queria mesmo era ser Branca de Neve".

Gal Costa se apresentou na entrega do Prêmio. Enquanto ela cantava "Por isso é que eu canto, não posso parar/Por isso essa voz tamanha", e eu notava que a voz dela já não é tão tamanha quanto sua cintura, pensei no empreendedorismo tamanho de Chieko, pensei nas mulheres de Atenas, em Marina Silva, na situação feminina no Oriente Médio, em Lady Diana e então falei para minha irmã: "Bóra descer que voltaram a servir o prosecco".

Thursday, December 02, 2004

Readymade


Fountain, o urinol que Marcel Duchamp transformou em obra de arte, foi considerado a obra de arte mais influente do século passado, superando picassos, warhols e matisses. Agora, toda vez que eu vou ao banheiro, me sinto como quando o mesmo Duchamp fez um par de bigodes na Monalisa. Tipo uma intervenção artística, sabe? Você também pode fazer o Duchamp.


Eu com sono, armando o sorriso ambíguo enquanto arquitetava um plano para também fazer um bigode nela.

Wednesday, December 01, 2004

Estudiado simulacro

Demorei, mas hoje vou falar de Má Educação, o mais recente filme de Pedro Almodóvar. Como vocês também já devem ter visto, nem vou fazer sumário. O filme recebeu algumas críticas negativas, todas por comparação com a chamada trilogia que o diretor completou com Fale Com Ela (os outros são Carne Trêmula e Tudo Sobre Minha Mãe). Pra começar, eu não acho justo depreciar um filme bom porque ele não é, segundo os padrões da crítica, melhor que os últimos do mesmo diretor. Por pior que seja, um Almodóvar vai ser sempre melhor do que a maioria dos filmes que entram em circuito comercial, e só por isso já deveria ser recomendado.

Em Má Educação, o guião de Almodóvar nos faz transitar por três camadas narrativas, onde as coisas não são o que parecem ser. A femme fatale não é uma mulher, a memória nada mais é que uma narrativa e as más intenções são travestidas de sentimento. Tal como a atriz de A gaivota, de Chekhov, Angel (Gael Garcia Bernal) é um ator que interpreta 24 horas por dia. Ele praticamente não existe, é só persona.

Como um bom filme noir que é, Má Educação tem um crime, violência, uma visão invertida das autoridades (neste caso, a igreja), a perspectiva dos criminosos (e aqui todos têm sua culpa no cartório), alianças e lealdade instáveis, complôs e a femme fatale (Gael). Aqui, a sinceridade só existe na infância; em determinado momento da vida, todo cordeiro vira raposa. Ou será que a inocência é só mais um truque da ficção que chamamos de memória?

Almodóvar nos mostra uma realidade que nada mais é do que uma perspectiva pessoal dos fatos. Ele não se apresenta como o detentor da "verdade". Imagino que, se deslocássemos o foco narrativo do personagem Enrique para qualquer outro, teríamos uma estória bastante diferente, e tão fascinante quanto.


-Mooooon ríbeeeeer, yo no te olvidaré...

Pra terminar, gostei de Má Educação porque retoma os temas dos primeiros filmes do diretor, embora seja menos cômico que aqueles. Está tudo lá, as críticas à igreja católica (vide Maus Hábitos), as falhas de caráter (Que eu Fiz Para Merecer Isto?), os gays (A Lei do Desejo), os simulacros (atores aqui, dubladores em Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos) e a movida madrilenha dos anos 80. E como já dizia uma música da trilha de Mulheres à Beira...:
Teatro, lo tuyo es puro teatro
Falsedad bien ensayada, estudiado simulacro.
Fue tu mejor actuación destrozar mi corazón.
Y hoy que me lloras de veras,
Recuerdo tu simulacro.