Monday, June 27, 2005

Foi o futuro


Não faz o DJ que dança!


Desculpe se eu estiver insuportável. Pra quem não foi ou ainda não viu nos jornais de hoje os relatos emocionados da minha discotecagem n'ALôca neste último domingo, lhes digo: todos dançaram muito, havia pessoas desconhecidas acenando e agradecendo a cada música, meus amigos tinham sorrisos nos rostos e a única reclamação que eu recebi foi a de que a pista lotou demais durante a uma hora que me deram. Não estou brincando, um DJ da casa literalmente aplaudiu o final do meu set e veio me dar os parabéns. Outro DJ, que fica na cabine para se certificar de que o convidado não vai aumentar demais o som, pediu justamente para que eu o aumentasse. Foi sem dúvida uma das coisas mais legais que eu já fiz na vida. Não fossem dois imprevistos de última hora, que impediram dois amigos queridos de comparecer, teria sido perfeito. Mas como gostei da brincadeira, haverá uma próxima. "This time, i'll promise we'll be perfect."

O setlist, conforme o prometido:
* Ladytron - Seventeen (esta eu devo ao Humberto, que subiu à cabine para se promover, e me disse que era melhor começar com um tiro certo)
* Movement - LCD Soundsystem
* Shot You Down - Audio Bullys feat. Nancy Sinatra
* Technologic - Daft Punk
* Kelly Watch the Stars - Air
* Somebody Told Me - The Killers (Mylo remix)
* Destroy Rock'n Roll - Mylo
* Some Velvet Morning - Primal Scream
* Cue the Pulse to Begin - Burnside Project
* Feel Good Inc - Gorillaz
* Money, Success, Fame and Glamour - Felix Da Housecat vs. Pop Tarts feat. Macaulay Culkin
* Love Will Freak Us - Joy Division feat. Missy Eliott (Go Home Productions bootleg)
* Hey Mami - Fannypack
* Never Win - Fischerspooner (Mirwais remix)
* Crystal - New Order
* Perfect - Smashing Pumpkins
* Hand In Glove - The Smiths

Friday, June 24, 2005

Bailinho

Neste sábado é aniversário de Celsinho Tavares, aquele que se você não conhece, uma dia ainda vai conhecer. Como parte das celebrações, o clube A Lôca (Rua Frei Caneca, 916) vai ter uma sessão "Celso Tavares Recebe" no próximo domingo (26/5), com o próprio discotecando a partir da 1h30 (durma antes e chegue tarde).

Acontece que ele me convidou para bancar o DJ também e tocar uns sons por 30 ou 40 minutos na pista. Vai ser tipo incrível, eu devo alertá-los. Teremos batidões, músicas de negão, bootlegs, dances phynnos, rocks sujos e homenagens a amigos queridos. Considerando-se o tempo curto de discotecagem, o mais provável é que eu inclua apenas uma música de cada categoria, então desconsiderem o plural. Mas deve ser o suficiente para fazer todos irem até o chão. E quem não for vai perder.


Eu também vou me esforçar, gente

*Na segunda-feira eu posto o setlist*

Thursday, June 16, 2005

A gente cria uma língua e faz um país

Dos versos de Gil Vicente à prosa que sai da boca dessa moçada bonita de se ver dos dias de hoje, a língua portuguesa mudou muito, vocês sabem. E é bom que seja assim. Apesar de ser um entusiasta e defensor da língua que falamos, eu nunca fui um purista. A redação que me ajudou a passar no vestibular, inclusive, falava disso, das supostas ameaças representadas pelos estrangeirismos. Ameaça por quê? Se a própria língua que falamos hoje é composta possui raízes tão variadas quanto o latim, o grego e o árabe (em gradações diferentes, claro).

E é tão bonito isso, as línguas que se fundem. A metáfora sexual é irresistível, pois até mesmo o sexo começa com um beijo, duas línguas se enrolando, o que às vezes termina com um filho. E, vejam só, duas línguas embrenharam-se em um povoado próximo a São Paulo, vamos chamá-lo aqui simplesmente de "Condado", e deram origem a uma cria que já está crescendo e se multiplicando. É o franco-português condadiano.

Diferentemente da origem da maioria dos dialetos, o franco-português condadiano não nasceu a partir da influência direta de uma cultura sobre outra. Nasceu foi por frescura mesmo. Um belo dia, o Humberto achou que iria "arranzar-plus" se começasse a utilizar termos, estruturas e corruptelas do francês na língua portuguesa. E não é q arranzou mesmo? "J´approve, Fefig approve... tout le monde approveaux".

Hoje descobrimos que un peuble du nort d´Espaigne está tentando imitar o franco-português condadiano. Chamam a imitação de "catalão". Veja, por exemplo, uma chamada do jornal barcelonês "Avui", que, segundo o Humberto, quer dizer "Avoa":

Nélida Piñón, premi Príncep d'Astúries de les lletres

Estamos revoltados. Queremos nosso devido crédito. Veja mais un exemple de plágio au franc-portugaise condadienne:

Osca prohibeix omplir les piscines i regar jardins

O que dizer então de eles xingarem nosso querido cartunista Millôr de cabaço?:

Iguals o millors, i capaços

Aqui, acho que falam de umas pocs que estão esperando uma decisão qualquer, não entendi direito:

Pocs però decisius

Uma afronta! Nous estam´desolées.

Wednesday, June 15, 2005

Estilo Gorillaz


Eu queria contratar o figurinista deles

Tuesday, June 14, 2005

Não é exatamente o Orient Express

Quando eu soube que o setor da empresa em que trabalho seria transferido para o ABC paulista, me deu um bode tremendo, confesso. Afinal, teria que pegar uma linha de trem não muito bonita todo santo dia útil para trabalhar em uma região longe do buzz central de Sampa. Mas sabe que até tem sido divertido?

Vou me concentrar na viagem de trem, que é mais rápida e confortável do que eu imaginava. O trem é daqueles espanhóis, novos, limpos e com ar condicionado. O que há de curioso é que há neles um vaivém constante de vendedores ambulantes, comercializando tudo o que a imaginação permite conceber. De radinhos de pilha a sonhos de valsa. De cerveja a bubbaloo. Hoje um cara estava oferecendo um pacote de balas por "um reão, apenas um reão". Dá pra fazer o supermercado no trem.

As técnicas de venda também são interessantes. Ontem, por exemplo, um homem entrou no vagão para vender biscoitos wafer. "São os uêifou de chocolate. Os exclusivos uêifou de chocolate da Bauducco, com 80% de puro chocolate, só R$2". Sendo que você olhava a embalagem e via que não era da Bauducco, mas sim da obscura marca "Bonjour". Todos os passageiros olhavam com indiferença. Segundos depois, o vendedor reduziu a oferta: "Como tá acabando, agora é só R$1,50!" Nada. "Vamos lá, todo mundo comprando porque baixou pra R$ 1, apenas R$1 o uêifou com 80% de chocolate". Só então as pessoas começaram a comprar. Desde o início elas sabiam que ele iria reduzir o preço.

Hoje, entraram no vagão uns oito vendedores ao mesmo tempo. Dois deles vendendo o mesmo produto. Não demorou muito e esse dois começaram a se estranhar, porque dividiam o mesmo vagão com o mesmo produto e porque um queria anunciar seu Bubbaloo mais alto que o outro. "Quer um trem só pra você, compra um ferrorama", retrucou um deles. Na "discussão", ambos reduziram seus preços, e ambos venderam. Novamente, a indiferença das pessoas denunciou que isso acontece sempre. Muito provavelmente, tudo se trata de um teatrinho para chamar a atenção dos passageiros.
***
Mais dois dias e eu também encho disso tudo.

Friday, June 03, 2005

O mais perdido

A vida é mais estranha que a ficção. Imaginem que um homem misterioso aparece próximo a uma praia no sudeste da Inglaterra. Ele veste um terno escuro ensopado pela chuva e todas as etiquetas de suas roupas foram cortadas, inclusive a da gravata, de modo que não se pode identificar onde essas roupas foram compradas. Não importa qual o estímulo, ele permanece mudo e desnorteado. Em uma última tentativa, oferecem-lhe papel e caneta, na esperança de que possa escrever qualquer coisa ou desenhar a bandeira de seu país. Ele, então, desenha um piano, com riqueza de detalhes impressionante. Levado até um piano, revela-se um virtuose, tocando com maestria clássicos por horas ininterruptas.


O homem, sua obra

O que parece ser mais um episódio do seriado absurdinho LOST é na verdade o mistério que mais intriga o Reino Unido atualmente. Desde 7 de abril, quando o “Piano Man”, como passou a ser conhecido, apareceu na Ilha de Sheppey, em Kent, a polícia e a mídia inglesas coçam a cabeça para tentar descobrir sua identidade. O Serviço Nacional de Pessoas Desaparecidas já recebeu ligações de mais de mil pessoas, não só da Inglaterra, mas de todo o mundo.

A tese mais recente era a de que o Piano Man fosse Tomas Strnad, ex-tecladista de uma banda de rock tcheca, pois havia sido reconhecido pelo baterista, que não o via há mais de dez anos. A hipótese foi negada nesta semana, quando o verdadeiro Strnad apareceu na televisão para acabar com o rumor. Também já foram refutadas outras hipóteses convincentes, como a de que ele era um artista de rua francês e um pianista italiano de paradeiro desconhecido. Segundo os ingleses, há mais de 250 outras hipóteses para a real identidade do Piano Man.

Alheio a tudo, o Piano Man segue fazendo carão. Eventualmente, ele compõe novas músicas, de autenticidade reconhecida.

Se este fosse um roteiro de Hollywood, agora seria só esperar aparecer os ETs para resgatar seu ente perdido. Como é a realidade, só nos resta fazer especulações e eventualmente ligar pro serviço de desaparecidos da Inglaterra (0500 700700) com uma hipótese mirabolante, pra aumentar a discórdia em torno do caso. De minha parte, eu teria uma lista de músicos que eu queria que desaparecesse da face da Terra. Mas um sem passado aparecer assim, do nada, nunca tinha me passado pela cabeça.


M´adota?